Depois de 10 anos, a Irmã Mônica esteve de volta à África. Antes, no ano de 2006, ela tinha ido em missão, para ajudar as outras Irmãs Filhas de Jesus que alí estavam. O objetivo era formatar o ponto de atendimento da saúde e implantar a Farmácia Viva, que é como é chamada a horta de plantas medicinais. No local, Aldeia de Mentoro, os irmãos africanos estavam devastados, atingidos pela fome, pela falta d’água, falta de moradia e ainda mutilados pela guerra e com muitas sequelas da hanseníase. Agora, em 2016, a Irmã voltou ao Continente e com alegria, pôde ver os resultados da dedicação e dos trabalhos realizados pelas Filhas de Jesus.
Segundo a Irmã, “foi muito emocionante, voltar depois de tanto tempo e
encontrar a realidade mudada para melhor. As crianças lindas, gordinhas,
nutridas e bem vestidas. A Escolinha Girassol, parecendo um Girassol mesmo. E
ver que os primeiros alunos da escola já eram professores. Ver a horta toda
cultivada, toda decorada em mandalas, animais, com pedras, cada canteiro com
sua erva, sua espécie, cada um mais bonito que o outro.”
Veja abaixo trechos do relato da Irmã
Mônica:
“Eu tinha um grande sonho de
ser missionária fora das Américas. Porém a obediência, não me assinalou para
sair, mas para permanecer. Permanecendo entre os afro-descentes dos
quilombolas, entre os índios da Amazônia, os Xacriabás do Norte de Minas, as populações
tradicionais da Serra Geral e por aí vai... Porém, a sede e as asas
missionárias nunca se deram por vencidas.
E aos 77 anos, foi um
presente de Deus estar ali, pela segunda vez na África. Que benção! Obrigada, Senhor,
não mereço.
Nesta ida, juntamos o útil
ao agradável, pois participei das Bodas de Ouro da Irmã Antonieta e também pude
dar mais uma contribuição nesta obra.
A Irmã Antonieta, sempre carinhosa
estava muito feliz. Participamos de sua celebração com as religiosas, o bispo, os
padres da missão e toda a comunidade. E neste dia, pude perceber também o grande
carinho que o povo de Mentoro tem com a Irmã Mírian, falecida na África.
Achei muito interessante a
cultura da comunidade, pois celebravam a festa da Irmã Antonieta e cantavam
hinos no tumulo de Irmã Mirian. Cantaram cantos
que mexiam com a alma da gente.
O tumulo da Irmã Mírian lá é
num lugar aberto. Do túmulo se enxerga toda a Missão. Irmã Mírian era da
Congregação Filha de Jesus, brasileira, natural de Belo Horizonte-MG, foi para a
missão na África e morreu vítima da malária. A mesma sorte do povo, ela também
teve.
A Irmã Antonieta quis de
presente um almoço comunitário com toda a comunidade de Mentoro.
Esse almoço foi servido no
Centro de Pastoral, com mais ou menos umas 500 pessoas. Era um grande banquete,
que me emocionei: Arroz, feijão e frango. Todos comeram felizes, degustando
cada mastigação. Lá o feijão é até comum, mas arroz, não. Esse alimento para
eles era um banquete e pra gente é normal.”
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“Da primeira vez que fui
nesta missão na África, tinha um surto de sarna. Graças a Deus o povo aprendeu
a combater a sarna e hoje, lá não tem mais. Pela higiene e pelos cuidados,
acabou desaparecendo.
Mas agora, dessa vez que
estive lá, tinha um surto de bicho de pé. É um bichinho que dá nos porcos e dá
nos pés e nas mãos das pessoas. Reunimos com algumas pessoas e providenciamos algo
para combater.
Acudimos algumas pessoas.
Fizemos oficinas para multiplicação e deixamos encaminhado. Tudo com a saúde
complementar, baseada em conhecimentos tradicionais. Fizemos o que aprendi com
meu avó, pai de minha mãe. Ele fazia e ensinava pra nós.”
*(meu avó morreu eu tinha 16
anos).
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